Tuesday, October 16, 2007

As lendas do Quarteto 1111

As lendas do Quarteto 1111, António Pires, Ulisseia, 2007

O Carlos Seixas falou-me deste livro e do seu autor, António Pires, ex-Chefe de Redacção do jornal Blitz, e na possibilidade de apresentarmos a obra n’A das Artes.
Já na recente edição do Festival Músicas do Mundo, em Sines, tinha passado mais de uma hora à conversa com o António que, entusiasmado, me falou do livro que iria editar. Fiquei curioso. A curiosidade passou a entusiasmo após a leitura das primeiras páginas d’”As lendas do Quarteto 1111”.
Se, à partida, o livro parece não interessar a gerações mais novas, não deixa de ser como que um saboroso apêndice a qualquer manual da história recente do nosso País.
O Quarteto 1111 acaba por ser o elemento aglutinador de várias histórias que se cruzam, numa época em que vivíamos encobertos por um nevoeiro sebastiânico.
“As lendas…” falam-nos da vida real dos anos 60/70 em Portugal tendo como protagonistas, não os políticos, mas “os nossos” e as nossas coisas. A política surge apenas como elemento condicionador de atitudes. E aqui são-nos revelados alguns dos expedientes utilizados para contornar o peso da ditadura e da ignorância.
Estórias e história da música e da vida da juventude da época. Quem, por exemplo, imaginaria que um PIDE passou um dos elementos do 1111 a salto para Espanha? Se é que isso tem alguma importância, quando se fala da paternidade do rock português, é obrigatória a leitura d’”As lendas…”, verificar as originalidades, as influências mas, também, as dificuldades de “ser padre nesta freguesia”.
Bem escrito, profusamente na primeira pessoa, “As lendas do Quarteto 1111” lê-se como se toma um saboroso xarope.

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