Saturday, November 10, 2007

Assassinos Escondidos

Assassinos Escondidos, Robert Wilson, D. Quixote, 2007


"Cada engenho era uma pequena maravilha da engenharia, já que cada invólucro em alumínio das bombas fora feio para encaixar no carro como se fosse uma peça integral da estrutura. Falcón não conseguia deixar de pensar que as bombas eram como o próprio terrorismo, encaixando tão perfeitamente na sociedade com todos os seus elementos sinistros imperceptíveis."

É disto que Robert Wilson nos fala em Assassinos Escondidos.

Robert Wilson transmite-nos, logo desde o início, segurança acerca dos cenários onde decorre a acção, mostrando-se perfeitamente informado sobre, não só os locais, mas também os usos e costumes dos mesmos, a linguagem, o jargão dos vários tipos de personagem – as polícias, por exemplo.

Nem histórico, nem futurista, ainda por cima cada capítulo grafado no início com o local, a data e hora em que a acção do mesmo decorre.

A profusa referência a factos reais coloca-nos quase que como fazendo parte da história: Quando, diariamente, apanhamos com a informação dos meios de comunicação social, quer queiramos ou não, somos catapultados para a integração num mundo que é aquele em que vivemos. A ignorância dos factos - quantas vezes desejada! – não nos retirando da sociedade, deixa-nos, pelo menos, como que livres de algumas das suas preocupações.

Não sendo especialista na matéria, não classificaria taxativamente Assassinos Escondidos na lista de romances policiais. Penso que é mais do que isso. É um relato da actualidade romanceado, onde não faltam inclusive os dramas pessoais dos agentes policiais.

"A autópsia do terror por Robert Wilson” –este o título que o jornal Público da semana passada deu a um artigo de 3 páginas sobre a obra deste autor.

Robert Wilson, de uma forma perfeitamente estruturada e inteligente, numa escrita escorreita e linguagem actual perfeitamente acessível e comum, entre o jornalístico e o cinematográfico, coloca-nos na história como se estivéssemos na sala, sentados no sofá, a ver a acção em directo no telejornal.

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