Tuesday, March 24, 2009

Nocturno Indiano

Nocturno indiano, Antonio Tabucchi, Dom Quixote

Começo a ler como quem prova um vinho. Capa – rótulo. Sinopse – castas. Primeiro capítulo – o vinho entra, inunda a língua, gengivas, paredes internas da boca. Aprovado. Continuo a ler.

Mas esta introdução é apenas o preâmbulo da embriaguez a que nos leva Tabucchi. Entramos, com ele, por uma Índia adentro, umas vezes a da Luz, que nos refere Aravind Adiga em O Tigre Branco, mas, bastas vezes, a da Escuridão.

E assim acompanhamos o protagonista - Roux – por hotéis, de tugúrios ao Taj Mahal, prostíbulos, estações de comboio; paramos no meio de nenhures, dentro de um autocarro em que o motorista se encosta a dormir, já que espera outro autocarro que chega nada mais nada menos que daí a oitenta e cinco minutos!...

Através da pena de Tabucchi, vamos sendo enredados numa história que, de tão simples, é imensamente bela. Tudo pela arte e mestria do escritor.

Nocturno Indiano, um dos primeiros romances (1984) do autor italiano radicado em Portugal, agora reeditado, é uma pérola lapidada, sem palavras a mais.

Nocturno indiano é como um vinho bom que se bebe com prazer até à última gota.

Joaquim Gonçalves
Sines, Março de 2009

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