Finalmente li O vendedor de passados do Agualusa. Não tardei por falta de interesse ou de lembrança. Tardei porque sim!... Outros livros foram saindo; autores a virem à livraria e eu a querer ler as suas obras mais recentes antes do acontecimento; este livro novo que me desperta interesse; aqueloutro que há tanto estava em fila de espera...
Enfim, li o livro de seguida, influenciado por clientes e amigos que dele foram dizendo maravilhas e, a corolar, a atribuição do prémio do "The Independent" como melhor livro de ficção estrangeira em Inglaterra. Alguma coisa teria a obra que valesse tantos elogios. E tem, sim senhor. Tem uma escrita fácil a esconder um enredo que prende desde o início. Tem, sobretudo, uma Angola de que ouvimos falar a amigos e conhecidos que por lá passaram, viveram, alguns nasceram ou cresceram. Tem aquela Angola nova em que nem tudo o que parece é. Ou, mesmo, a Angola em que o que parece é mesmo.
O vendedor de passados é um livro de uma ironia tão fina mas substantiva que, não raras vezes, nos engana. E tem sonhos que cimentam o discurso. O mundo, o pequeno mundo, visto pelos olhos de uma osga. Ou alter-ego, sei lá! Uma osga que, no dia em que resolve sair da penumbra para ver o que se passa do outro lado do muro, onde passam as pessoas, fica momentaneamente cega com a luz e um incómodo na pele. A realidade é assim.
Obrigado aos amigos por me terem recomendado esta leitura.
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