Júlio Magalhães
A Esfera dos Livros
Fevereiro 2008
Desde há vários anos que tenho alguns amigos que estiveram ou passaram por África. Angola, principalmente. Desde há vários anos que ouço histórias daquele continente imenso em tudo. Na paisagem, nos recursos, na alma dos povos.
Por outro lado, viva em Lisboa no período apertado entre o antes e o pós 25 de Abril. Logo, assisti à chegada das hordas de retornados de que Júlio Magalhães nos fala neste livro. Mais tarde, sempre que podia, ia ouvir The Lovers, grupo musical vindo de Angola que trouxe aos bailaricos o merengue e a vida das noites quentes de Luanda, com dezenas de seguidores que nos faziam inveja com a sua maneira de dançar, abertura e, sobretudo, alegria.
Assim, ler “Os Retornados” foi, para mim, como que fazer uma síntese do que a vida me tem ensinado sobre o assunto.
Acresce dizer que, por defeito, deformação ou sei lá o quê, tenho algum preconceito quando começo a ler primeiros romances de autores. Se estes forem pessoas mediáticas, mais ainda. Manias, talvez!
Todavia, ao ler as primeiras páginas deste livro rendi-me de imediato à emoção. E não descansei enquanto não descasquei as suas pouco mais de trezentas páginas.
Júlio Magalhães consegue dar a volta ao relato puro e simples, embrulhando o drama num romance de amor que, apesar da sua previsibilidade inicial, não deixa de nos surpreender pelos caminhos que, ao longo dos anos, vai tomando. Mas, não será a vida previsível?
E está lá tudo. A informação, o relato, a vida dos portugueses antes do seu retorno. As suas lutas pela sobrevivência ao chegarem ao país estranho que já era para si Portugal. Tudo isto acompanhado por imagens que separam os capítulos curtos.
Uma das curiosidades de Os Retornados é o facto da protagonista nem sequer ser uma retornada ou, sequer, ter estado em África antes do dia em que, como hospedeira da TAP, fez a sua primeira viagem de longo curso: de Lisboa a Luanda, num avião vazio de passageiros, para voltar superlotado, com passageiros no porão, nas casas de banho, deitados no chão do corredor…
Tendo a sua doze de nostalgia, este não é um livro nostálgico. É uma história de amor, luta e sobrevivência. Acredito que com muita verdade. Aliás, na nota final, Júlio Magalhães, ele próprio retornado, refere exactamente que o livro é produto de histórias que lhe contaram.
Nunca estive em África, mas que fiquei com vontade de lá ir, lá isso fiquei!
Fevereiro 2008
Desde há vários anos que tenho alguns amigos que estiveram ou passaram por África. Angola, principalmente. Desde há vários anos que ouço histórias daquele continente imenso em tudo. Na paisagem, nos recursos, na alma dos povos.
Por outro lado, viva em Lisboa no período apertado entre o antes e o pós 25 de Abril. Logo, assisti à chegada das hordas de retornados de que Júlio Magalhães nos fala neste livro. Mais tarde, sempre que podia, ia ouvir The Lovers, grupo musical vindo de Angola que trouxe aos bailaricos o merengue e a vida das noites quentes de Luanda, com dezenas de seguidores que nos faziam inveja com a sua maneira de dançar, abertura e, sobretudo, alegria.
Assim, ler “Os Retornados” foi, para mim, como que fazer uma síntese do que a vida me tem ensinado sobre o assunto.
Acresce dizer que, por defeito, deformação ou sei lá o quê, tenho algum preconceito quando começo a ler primeiros romances de autores. Se estes forem pessoas mediáticas, mais ainda. Manias, talvez!
Todavia, ao ler as primeiras páginas deste livro rendi-me de imediato à emoção. E não descansei enquanto não descasquei as suas pouco mais de trezentas páginas.
Júlio Magalhães consegue dar a volta ao relato puro e simples, embrulhando o drama num romance de amor que, apesar da sua previsibilidade inicial, não deixa de nos surpreender pelos caminhos que, ao longo dos anos, vai tomando. Mas, não será a vida previsível?
E está lá tudo. A informação, o relato, a vida dos portugueses antes do seu retorno. As suas lutas pela sobrevivência ao chegarem ao país estranho que já era para si Portugal. Tudo isto acompanhado por imagens que separam os capítulos curtos.
Uma das curiosidades de Os Retornados é o facto da protagonista nem sequer ser uma retornada ou, sequer, ter estado em África antes do dia em que, como hospedeira da TAP, fez a sua primeira viagem de longo curso: de Lisboa a Luanda, num avião vazio de passageiros, para voltar superlotado, com passageiros no porão, nas casas de banho, deitados no chão do corredor…
Tendo a sua doze de nostalgia, este não é um livro nostálgico. É uma história de amor, luta e sobrevivência. Acredito que com muita verdade. Aliás, na nota final, Júlio Magalhães, ele próprio retornado, refere exactamente que o livro é produto de histórias que lhe contaram.
Nunca estive em África, mas que fiquei com vontade de lá ir, lá isso fiquei!
2 comments:
És a primeira pessoa a dizer bem do livro.
Confesso que não me atrai muito, é daqueles livros que passo muito bem sem ele.
Porém, compreendo quando dizes que gostarias de conhecer Angola. Já li livros que me fizeram querer conhecer os locais onde se passavam, e por isso este livro parece-me ser muito bom. Pode ser que sim.
Também eu gostaria muito de visitar África, em especial os países lusófonos.
Tenho esse livro em "lista de espera" e depois de ler a tua apreciação do romance fiquei ainda mais curiosa... =)
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