Tuesday, November 9, 2010

O Ensino do Português


O Ensino do Português
Maria do Carmo Vieira
Fundação Francisco Manuel dos Santos / Relógio d’Água
Junho 2010

Antes de falar no livro, falo da colecção.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos, em boa hora, lançou uma importantíssima colecção de pequenos livros sob a denominação “Ensaios da Fundação”, na contracapa dos quais se pode ler o seu objectivo ou base programática:

“[…]conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e resolução dos problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em duas palavras: pensar livremente.”

Para além do mais - dos temas abordados e da qualidade dos intervenientes - há a considerar o baixo preço dos livros. Entre 3 euros e 50 e 5 euros, conforme sejam de capa mole ou capa dura.

O mais conhecido dos títulos é “Justiça Fiscal” do conhecido fiscalista recém-falecido José Luís Saldanha Sanches. Mas outros há de bastante interesse e de áreas diversas:

- Portugal e os números, de Maria João Valente Rosa;
- Economia portuguesa, as últimas décadas, de Luciano Amaral;
- Propriedade privada: entre o privilégio e a liberdade, por Miguel Nogueira de Brito;
- Autoridade, assinado por Miguel Morgado;
- Difícil é educá-los, do antigo Ministro da Educação David Justino;
e, finalmente, “O Ensino do Português” tendo como autora Maria do Carmo Vieira.

Foi exactamente este último que li de seguida. Em pouco mais de 100 páginas a autora, licenciada em Filologia Românica e professora do Ensino Secundário, e que tem publicado na comunicação social inúmeros artigos sobre o ensino do português, faz uma análise fundamentada da disciplina nos diversos graus de ensino, dando bastos exemplos e apontando caminhos.

Da triangulação Aluno, Escola, Família fala também a Autora, não poupando os métodos actualmente utilizados e denunciando as consequências da sua aplicação.

“O que falha, com efeito, na escola actual, que aceita directa ou indirectamente a demissão dos pais do seu papel educativo, é a sua pretensão de levar para a sala de aula o «mundo real», querendo evidenciar-se como sendo a própria vida, em aparente sintonia com os interesses dos alunos, desresponsabilizados da necessidade vital de estudar”.

Este excerto, retirado da página 28 de “O Ensino do Português” é apenas uma das constatações da Autora que, de seguida, demonstra com exemplos nos actuais programas do Ensino da Língua.

Na modesta opinião do livreiro que o leu, este é um livro cuja leitura faria muito bem não só a docentes, que estão no meio e sabem do que se está a falar mas, sobretudo, a qualquer pai de aluno que esteja actualmente entre o 1º ciclo do Ensino Básico e o Ensino Secundário.

Não termino sem deixar mais uma citação:

“O ensino da Literatura não pode ser entendido como um mero entretenimento, mas como um exercício de análise em que intervimos com dinamismo nos textos, tecidos criativamente pelos seus autores, e cujos «fios», «linhas» e «tramas» procuramos desvendar com a certeza de que” como disse Fernando Pessoa “Só a Arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes – tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte se vê, porque dura” (pág. 77).

Joaquim Gonçalves
Sines, 9 de Novembro de 2010

1 comment:

CARLA STOPA said...

Adorei teu espaço.Sou professsora uniersitária na área de L.Port.Bom estar aqui.abraço