Monday, February 23, 2015

Desamparo - Inês Pedrosa

Desamparo
Inês Pedrosa
D. Quixote, Fevereiro 2015

Entrei à cautela. Já várias vezes iniciara livros de Inês Pedrosa mas, por um ou outro motivo, não terminei nenhum. Para explicar isso, a ter mais em consideração os temas ou, mesmo, o meu estado de espírito, do que a qualidade literária.
Neste início de ano, entre inventários, arrumações, devoluções e outros aborrecimentos que nada têm de criativo, os dias foram passando com a ida às prateleiras de casa em busca de algo não novo já que, durante o ano, tento andar a par do que sai, principalmente de autores portugueses.
Assim, reli Almada Negreiros e José Gomes-Ferreira, por exemplo.
De vez em quando temos de voltar atrás para que o espírito crítico não se perca. Acho eu!

Entrei à cautela em “Desamparo”. Fui andando pela casa. Desfiz alguns preconceitos e minimizei outros.

Apesar de, daqui a uns anos, ser livro datado, agora é absolutamente actual. Talvez o copo meio cheio funcione aqui. O livro é absolutamente actual, quase ao mês tornando-se, por isso, um livro datado daqui a algum tempo.

Bem escrito, será frase banal mas, atendendo ao que vai aparecendo por aí, há que referi-lo.

Portugueses brasileiros ou brasileiros portugueses cruzam-se numa história em que o que mais conta são os recados. Acima de tudo, a denúncia embrulhada num romance que se lê avidamente. Para além de temas caros à autora, como a condição da mulher, não faltam os compadrios autárquicos e o proveito pessoal em detrimento do serviço público.

Como é referido em contracapa; “O amor, a traição, o poder, a inveja, o ciúme, a amizade, o crime, o medo, a vingança e sobretudo a morte atravessam este livro que faz a radiografia do Portugal contemporâneo, num enredo cheio de força e originalidade.”

Se o romance se vai lendo com interesse, acreditem que ainda melhora para o fim.

Ainda nas palavras do editor, para quem tenha mais curiosidade sobre o assunto de “Desamparo”, aqui vai o resto da sinopse do livro:

A saga de uma mulher, Jacinta Sousa, que foi levada do colo da mãe para o Brasil aos três anos e regressa para a conhecer mais de cinquenta anos depois é o ponto de partida deste extraordinário romance de Inês Pedrosa. "No Brasil eu sempre fui a Portuguesa; em Portugal, passei a ser a Brasileira".
Numa escrita inteligente, límpida e plena de humor, a autora cria um universo singular, uma aldeia em que se cruzam personagens e histórias de vários continentes.
Emigrações e imigrações de ontem e de hoje, seres solitários e escorraçados que procuram novas formas de vida, enquanto tentam sobreviver à maior depressão económica das últimas décadas.


Sines, 23 de Fevereiro de 2015

Joaquim Gonçalves

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