Inês Pedrosa
D. Quixote, Fevereiro 2015
Entrei à cautela.
Já várias vezes iniciara livros
de Inês Pedrosa mas, por um ou outro motivo, não terminei nenhum. Para explicar
isso, a ter mais em consideração os temas ou, mesmo, o meu estado de espírito,
do que a qualidade literária.
Neste início de ano, entre inventários,
arrumações, devoluções e outros aborrecimentos que nada têm de criativo, os
dias foram passando com a ida às prateleiras de casa em busca de algo não novo
já que, durante o ano, tento andar a par do que sai, principalmente de autores
portugueses.
Assim, reli Almada Negreiros e José
Gomes-Ferreira, por exemplo.
De vez em quando temos de voltar atrás para que
o espírito crítico não se perca. Acho eu!
Entrei à cautela em “Desamparo”. Fui andando
pela casa. Desfiz alguns preconceitos e minimizei outros.
Apesar de, daqui a uns anos, ser livro datado,
agora é absolutamente actual. Talvez o copo meio cheio funcione aqui. O livro é
absolutamente actual, quase ao mês tornando-se, por isso, um livro datado daqui
a algum tempo.
Bem escrito, será frase banal mas, atendendo ao
que vai aparecendo por aí, há que referi-lo.
Portugueses brasileiros ou brasileiros
portugueses cruzam-se numa história em que o que mais conta são os recados.
Acima de tudo, a denúncia embrulhada num romance que se lê avidamente. Para
além de temas caros à autora, como a condição da mulher, não faltam os
compadrios autárquicos e o proveito pessoal em detrimento do serviço público.
Como é referido em contracapa; “O amor,
a traição, o poder, a inveja, o ciúme, a amizade, o crime, o medo, a vingança e
sobretudo a morte atravessam este livro que faz a radiografia do Portugal
contemporâneo, num enredo cheio de força e originalidade.”
Se o romance se vai lendo com interesse,
acreditem que ainda melhora para o fim.
Ainda nas palavras do editor, para quem tenha
mais curiosidade sobre o assunto de “Desamparo”, aqui vai o resto da sinopse do livro:
“A saga de uma mulher, Jacinta
Sousa, que foi levada do colo da mãe para o Brasil aos três anos e regressa
para a conhecer mais de cinquenta anos depois é o ponto de partida deste
extraordinário romance de Inês Pedrosa. "No Brasil eu sempre fui a
Portuguesa; em Portugal, passei a ser a Brasileira".
Numa escrita inteligente, límpida e plena de humor, a autora cria um universo singular, uma aldeia em que se cruzam personagens e histórias de vários continentes.
Emigrações e imigrações de ontem e de hoje, seres solitários e escorraçados que procuram novas formas de vida, enquanto tentam sobreviver à maior depressão económica das últimas décadas.”
Numa escrita inteligente, límpida e plena de humor, a autora cria um universo singular, uma aldeia em que se cruzam personagens e histórias de vários continentes.
Emigrações e imigrações de ontem e de hoje, seres solitários e escorraçados que procuram novas formas de vida, enquanto tentam sobreviver à maior depressão económica das últimas décadas.”
Sines, 23 de Fevereiro de 2015
Joaquim Gonçalves
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