Thursday, May 5, 2016

À espera de Bojangles


À espera de Bojangles
Olivier Bourdeaut,
Guerra & Paz, Abril de 2016
193 páginas

Os livros devem ser lidos até ao fim. Se dúvidas possam existir, Olivier Bourdeaut ajuda a dissipá-las com este seu primeiro romance.

À espera de Bojangles é um falso livro de humor. Quem, como eu, o penetra de olhos fechados, sem outra informação que não a constante nas badanas, vai sendo transportado numa viagem alucinada e alucinante que engana quem, incautamente, apenas lê o que está escrito.

Já tínhamos sentido o mesmo com O centenário que fugiu pela janela e desapareceu, de Jonas Jonasson.

Podia ser um romance sem pés nem cabeça, sim, se o escritor francês não o tivesse pintado com a loucura das tintas naturais que a vida oferece.

E a vida é uma loucura, sim, a que o amor tenta fazer frente numa pulsão lenta mas que se tenta inquebrantável. Só assim se pode entender como amor.

Este é, sim, um romance de amor. De grande, muito grande amor, como só se imagina em tragédias romanescas.

Com a omnipresente banda sonora a cargo do Mr. Bojangles, de Nina Simone, Olivier Bourdeaut prova-nos, com À espera de Bojangles, que os livros devem ser lidos até ao fim. Até ao fim, mesmo!

Sines 4 de Maio de 2016
Joaquim Gonçalves

Sinopse do editor:

Sob o olhar maravilhado e infantil do filho, um casal dança o Mr. Bojangles de Nina Simone. O seu amor é mágico, vertiginoso, uma festa perpétua. Em casa deles só há lugar para o prazer, para a fantasia, para os amigos. Quem dá o tom, quem conduz o baile é a mãe, chama tremeluzente, fugidia e extravagante. Foi ela que adoptou o quarto membro da família, a Menina Sem Préstimo, uma grande ave exótica que deambula no apartamento da família. É ela que não pára de os arrastar, a todos, para um turbilhão de poesia e de quimeras. Mas um dia ela vai longe demais. O pai e o filho farão tudo para evitar o inelutável. Eles querem que a festa continue, custe o que custar. Nunca a expressão «amor louco» foi usada com tanta propriedade. O optimismo das comédias de Frank Capra, aliado à fantasia da Espuma dos Dias, de Boris Vian.

O autor:


Nasceu à beira do Oceano Atlântico, em 1980. Recusando compreender o que ele queria aprender, o Sistema de Ensino depressa o devolveu à liberdade. Nessa altura, graças à ausência de televisão em sua casa, pode ler com abundância e vaguear sonhadoramente quanto quis. Durante dez anos trabalhou no imobiliário, indo de falhanços a fiascos com um entusiasmo crescente. Depois, durante dois anos, transformou-se no responsável de uma agência de experts em chumbo, responsável por uma assistente mais diplomada do que ele e responsável de caçadores de térmitas, mas os insectos encarregaram-se de minar e roer a sua responsabilidade. Foi ainda abridor de torneiras num hospital e factótum de uma editora de livros escolares – na mouche – e apanhador de flor do sal de Guérande a Croisic, entre outras coisas. Sempre quis escrever. À Espera de Bojangles é disso a primeira prova disponível.

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