Thursday, June 28, 2007

Da Minha Janela


Para quem está de fora, para quem chega de novo, Manuela Baptista olha da sua janela Olha e escreve o que dali vê. No passeio do outro lado da rua. Nas vidas que são o outro lado da sua vida. Não se limita, no entanto, a olhar e escrever. A Manuela participa. Com a caneta, com as lágrimas, com a alma, enfim, com a vida.
Da paixão à raiva, os versos sucedem-se em momentos que podem ir do êxtase à dor. A mocidade sentida perdida. Mas não a perdemos todos? Apesar de amante e amada, o amor inalcançável que só os poetas entendem. Porque insatisfeita, porque insatisfeitos.
Numa “vida (…) campo aberto às lágrimas”, surge o choro seu, dos e pelos outros. Também a melancolia/nostalgia do horizonte aberto e longínquo africano a que não está imune. Filipe Zau soube bem interpretar em música Na dança da vida, roda da morte:”Na grande dança/ da vida/ na grande roda/ Da sorte A roda da dança /Cansa”. E a Manuela, muitas vezes, parece cansada. Mas insiste e resiste. Volta á luta e por aí anda. Lutadora e persistente, fiel aos seus princípios, construiu a sua casa da poesia. O seu ninho. E é aí que se acolhe. Por vezes às escuras, mesmo que o sol radioso lá fora. Por vezes irradiando luz em dias tenebrosos : ”(…) se tu quisesses /Voltar de novo a ser “gente” / A viver alegremente / Ver-te de novo sorrir…”
Atenta ao mundo, porque o mundo, sem bater á porta, lhe entra pela casa dentro.
Inconformista mas singela, na sua casa de poesia, Manuela Baptista abre a janela e, para quem os quiser apanhar, deita-nos para a rua esta mão cheia de momentos e voa.

“Voa, voa passarinho
E comanda o voar meu…”

No comments: