Tuesday, September 4, 2007

Ontem

Ontem, Agota Kristof, Cavalo de Ferro, 2003

De como o sonho alimenta a vida.

Escrever sobre um livro que li é, para mim, a maior parte das vezes, como que a consequência lógica dessa própria leitura. O livro “caiu-me” de tal forma que tenho de escrever sobre ele, como que a tentar prolongá-lo. Tentar prolongar o prazer, não especificamente da leitura mas, acima de tudo, dos sentidos que ela despertou.

A leitura da trilogia de Agota Kristof que a Asa publicou na colecção “Pequenos Prazeres” – “O Caderno Grande”, “A Prova” e “A Terceira Mentira” – criou a expectativa de mais trabalhos da escritora húngara. Apareceu-me, depois, “Ontem”, publicado pela Cavalo de Ferro. Devorei-o. Em vez disso, talvez devesse tê-lo lido. Fi-lo agora, quatro anos passados. Não sei se, um dia, e contra os meus hábitos, não o voltarei a ler.

Não pretendendo fazer comparações de índole literária mas, apenas, baseadas nos sentidos que a leitura desperta, sinto afinidades com a crueza de Philip Roth, a subtileza de Kathrine Kressmann Taylor e o seu “Desconhecido nesta morada”.

Da história contida em “Ontem” não falo – está no livro. É preciso lê-lo às escuras, absorver todas as surpresas. Depois, como me aconteceu, talvez relê-lo mais tarde.

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