Tuesday, October 16, 2007

Último Amor

Último Amor, Christian Gailly, Asa, 2007

Mais um livro sobre o fim. Ou a vida antes do fim. Não fosse o discurso demasiado telegráfico e seria um verdadeiro poema. Mas este tipo de ritmo que, de início, incomoda um pouco a leitura, é apenas parte do todo que constitui a obra. O ritmo telegráfico acaba por transmitir a respiração de quem já não pode desperdiçar palavras. O tempo conta e esgota-se a cada momento: “Ainda lhe restarão alguns dias. Ninguém sabe quantos. Pelo menos um. Este. Outro, um novo hoje. Começava. Tinha começado. Ia adiantado. Eram onze horas da manhã. A hora mais luminosa, mais suave, mais agradável quando está bom tempo. Estava bom tempo.”
Um equívoco altera a rotina do fim. Um pequeno equívoco provocado por um roupão abandonado na areia da praia.

Christian Gailly foi nomeado por este livro para os prémios Goncourt e France Culture, ambos em 2004, data do seu lançamento.

Sinopse do livro

a musicalidade e o lirismo que lhe são já conhecidos, o autor de Uma Noite no Clube pinta o quadro dos mais fundamentais instantes da vida de um homem.Paul Cédrat é um compositor incompreendido. Durante um festival de música clássica em Zurique, o quarteto Alexander interpreta a sua mais recente obra. Paul está entre a assistência aquando do desastroso final: o público desdobra-se em apupos. Paul terá de viver com isso e com outra coisa: uma doença da qual não conhecemos o nome. Não tendo mais do que quatro meses de vida, decide acabar sozinho - refugia-se na sua casa de praia, afasta a mulher, Lucie, e aguarda o seu derradeiro momento observando o céu e os banhistas à beira-mar. É aí que vai conhecer uma mulher que mudará tudo e que irá finalmente descobrir por que razão a sua música é vaiada.

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