À espera de Bojangles
Olivier Bourdeaut,
Guerra & Paz, Abril de 2016
193 páginas
Os livros devem ser lidos
até ao fim. Se dúvidas possam existir, Olivier Bourdeaut ajuda a dissipá-las
com este seu primeiro romance.
À espera de Bojangles é um falso livro de humor. Quem, como
eu, o penetra de olhos fechados, sem outra informação que não a constante nas
badanas, vai sendo transportado numa viagem alucinada e alucinante que engana
quem, incautamente, apenas lê o que está escrito.
Já tínhamos sentido o mesmo com O centenário que fugiu pela
janela e desapareceu, de Jonas Jonasson.
Podia ser um romance sem pés nem cabeça, sim, se o escritor
francês não o tivesse pintado com a loucura das tintas naturais que a vida
oferece.
E a vida é uma loucura, sim, a que o amor tenta fazer frente
numa pulsão lenta mas que se tenta inquebrantável. Só assim se pode entender
como amor.
Este é, sim, um romance de amor. De grande, muito grande
amor, como só se imagina em tragédias romanescas.
Com a omnipresente banda sonora a cargo do Mr. Bojangles, de
Nina Simone, Olivier Bourdeaut prova-nos, com À espera de Bojangles, que os livros
devem ser lidos até ao fim. Até ao fim, mesmo!
Sines 4 de Maio de 2016
Joaquim Gonçalves
Sinopse do editor:
Sob o olhar maravilhado e
infantil do filho, um casal dança o Mr. Bojangles de Nina Simone. O seu amor é
mágico, vertiginoso, uma festa perpétua. Em casa deles só há lugar para o
prazer, para a fantasia, para os amigos. Quem dá o tom, quem conduz o baile é a
mãe, chama tremeluzente, fugidia e extravagante. Foi ela que adoptou o quarto
membro da família, a Menina Sem Préstimo, uma grande ave exótica que deambula
no apartamento da família. É ela que não pára de os arrastar, a todos, para um
turbilhão de poesia e de quimeras. Mas um dia ela vai longe demais. O pai e o
filho farão tudo para evitar o inelutável. Eles querem que a festa continue,
custe o que custar. Nunca a expressão «amor louco» foi usada com tanta
propriedade. O optimismo das comédias de Frank Capra, aliado à fantasia da
Espuma dos Dias, de Boris Vian.
O autor:
Nasceu à beira do Oceano
Atlântico, em 1980. Recusando compreender o que ele queria aprender, o Sistema
de Ensino depressa o devolveu à liberdade. Nessa altura, graças à ausência de
televisão em sua casa, pode ler com abundância e vaguear sonhadoramente quanto
quis. Durante dez anos trabalhou no imobiliário, indo de falhanços a fiascos
com um entusiasmo crescente. Depois, durante dois anos, transformou-se no
responsável de uma agência de experts em chumbo, responsável por uma assistente
mais diplomada do que ele e responsável de caçadores de térmitas, mas os
insectos encarregaram-se de minar e roer a sua responsabilidade. Foi ainda
abridor de torneiras num hospital e factótum de uma editora de livros escolares – na mouche – e apanhador de flor do sal de Guérande a
Croisic, entre outras coisas. Sempre quis escrever. À Espera de Bojangles é
disso a primeira prova disponível.
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